Autonomy, innovation, and collaboration will undoubtedly be key factors in a new and desirable configuration of this structuring sector which, like others, will have to know how to respond to the “urgent challenge of protecting our common home (…) in the search for sustainable and integral development”, effectively and truly propelling the common good.

Tiago Abalroado, CADOS, UCP, 2022

Recent information from the Bank of Portugal points to an increase in inflation in 2022 to 4.0% as a reflection of the rise in the price of raw materials and constraints in global supply chains. This data, which in itself can be considered unusual, is in line with the general perception of families and companies that, in recent months, and in particular in the first quarter of the year, have observed a sharp decrease in purchasing power and a significant increase in production costs.

In a context of profound unpredictability like the one we are experiencing, none of us, not even some of the best analysts of macroeconomic scenarios, will be able to anticipate both the behavior of the markets and their consequent impact on the economy shortly; we know, however, that we must wait and prepare for uncertainty.

The Social and Solidarity Sector also faces, among others already identified in the past, the challenge of uncertainty, a challenge that, when falling on a set of organizations that are still cleaning up the pieces left by the pandemic, could induce collapse.

The concern expressed above assumes special relevance if we consider, on the one hand, the volume of people (users, families, workers, and volunteers) that the intervention of Private Social Solidarity Institutions (IPSS) involves and, on the other hand, according to a prism of order organization, to the models, dynamics and relationships that, over time, have characterized their specific contexts.

It should be noted that around 5,680 organizations are part of this sector, employing more than 340,000 people and providing proximity support to close to 800,000 users, thus directly impacting more than 11% of the population residing in the national territory. The figures shown do not naturally need to be complemented with the quantification of the indirect beneficiaries of the activities carried out by the IPSS to support that we are undoubtedly facing a structuring segment of our society.

Despite the criticality of the past and present work of social institutions, it must be assumed that their future, whose basic context is already uncertain, will depend on awareness and a consequent repositioning of two fundamental strategic vectors that are interconnected. – the vector of autonomy and the vector of innovation.

Regarding the first vector, it is important to work towards ensuring less financial dependence of the IPSS on the State. We are well aware that it is up to this actor, through the implementation of the principle of subsidiarity, to create the necessary conditions for all citizens to have access to the different social responses, but this does not imply that, through this relationship, a culture of subsidy dependence.

Institutions can (and must), as provided for in the IPSS Statute, develop activities of an instrumental nature about their non-profit ends whose economic results contribute to the sustainability of their core activity. This possibility constitutes, therefore, an opportunity, since it is accepted that each entity, in its sphere of autonomy and from the resources at its disposal and from its strategy, design, and/or explore complementary ways of financing.

The innovation vector can, in turn, be leveraged according to two alternative or concomitant approaches – one that stems directly from the deepening of organizational autonomy in the ways suggested above, through the innovation generated by the development of instrumental activities, and another resulting from the reconfiguration or creation of responses and services adjusted to the real and current needs of citizens through specialization, personalization and a greater focus on recipients.

Why not think yet, moving away from the dominant philosophy of “the chapel”, on redefining and investing in a third strategic vector – the vector of collaboration, the latter centered on sharing resources between similar organizations. Does it make sense, for example, that in the same locality or municipality there are as many support structures (kitchens, laundries, or others) as institutions are serving a single community? At a time when professionals in certain areas are scarce, would it not make sense to enhance the sharing of workers? And at the level of the services and social responses themselves, wouldn’t quality gains be achieved in the intervention through convergence and the use of synergies?

Autonomy, innovation, and collaboration will undoubtedly be key factors in a new and desirable configuration of this structuring sector which, like others, will have to know how to respond to the “urgent challenge of protecting our common home (…) in the search for sustainable and integral development”, effectively and truly propelling the common good.

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PÁSCOA PARA UMA NOVA CONFIGURAÇÃO DE UM SETOR ESTRUTURANTE

A autonomia, a inovação e a colaboração serão inequivocamente fatores chave numa nova e desejável configuração deste setor estruturante que, tal como outros, terá de saber responder ao “urgente desafio de proteger a nossa casa comum (…) na busca de um desenvolvimento sustentável e integral” efetiva e verdadeiramente propulsor do bem comum.

Tiago abalroado, CADOS, UCP, 2022

Uma informação[1] recente do Banco de Portugal aponta para a observância de um aumento da inflação em 2022 para 4,0% como reflexo da subida do preço das matérias-primas e dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento globais. Este dado, que só por si pode ser considerado invulgar, vai ao encontro da perceção generalizada de famílias e empresas que, nos últimos meses, e em particular no primeiro trimestre do ano, constata uma diminuição acentuada do poder de compra e um significativo incremento dos custos de produção.

Num contexto de profunda imprevisibilidade como aquele que atravessamos, nenhum de nós, nem mesmo algum dos melhores analistas de cenários macroeconómicos, estará em condições de antecipar tanto o comportamento dos mercados como o seu consequente impacto sobre a economia nos próximos tempos; sabemos, porém, que devemos esperar e preparar a incerteza.

Também o Setor Social e Solidário enfrenta, entre outros já identificados no passado, o desafio da incerteza, desafio este que, ao cair sobre um conjunto de organizações que ainda limpa os cacos deixados pela pandemia, poderá induzir o colapso.

A preocupação antes expressa assume especial relevância se atendermos, por um lado, ao volume de pessoas (utentes, famílias, trabalhadores e voluntários) que a intervenção das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) envolve e, por outro e segundo um prisma de ordem mais organizativa, aos modelos, dinâmicas e relações que, ao longo do tempo, têm caracterizado os seus contextos específicos.

Note-se que integram este setor[2] cerca de 5.680 organizações que empregam mais de 340.000 pessoas e prestam um apoio de proximidade a perto de 800.000 utentes, impactando, por isso, diretamente sobre mais de 11% da população residente[3] no território nacional. Os números evidenciados não carecem naturalmente de ser complementados com a quantificação dos beneficiários indiretos da ação levada a cabo pelas IPSS para sustentar que estamos indubitavelmente perante um segmento estruturante da nossa sociedade.

Não obstante a criticidade do trabalho passado e presente das instituições sociais, há que assumir que o seu futuro, cujo contexto de base é já por si incerto, dependerá de uma tomada de consciência e de um consequente reposicionamento sobre dois vetores estratégicos fundamentais que se interconectam – o vetor da autonomia e o vetor da inovação.

Sobre o primeiro vetor importa trabalhar no sentido de garantir uma menor dependência financeira das IPSS em relação Estado. Bem sabemos que é a este ator que cabe, por via da concretização do princípio da subsidiariedade, criar as necessárias condições para que todos os cidadãos acedam às diferentes respostas sociais, mas tal não implica que se fomente, por via desta relação, uma cultura de subsidiodependência. As instituições podem (e devem), conforme aliás previsto no Estatuto das IPSS[4], desenvolver atividades de natureza instrumental relativamente aos seus fins não lucrativos cujos resultados económicos contribuam para a sustentabilidade da sua atividade nuclear. Esta possibilidade constitui, assim, uma oportunidade, dado que se admite que cada entidade, na sua esfera de autonomia e a partir dos recursos de que dispõe e da própria estratégia, conceba e/ou explore vias complementares de financiamento.

O vetor da inovação pode, por seu lado, ser alavancado segundo duas abordagens alternativas ou concomitantes – uma que decorre diretamente do aprofundamento da autonomia organizativa nos moldes antes sugeridos, por via da inovação gerada pelo desenvolvimento de atividades instrumentais, e outra resultante da reconfiguração ou criação de respostas e serviços ajustados às reais e atuais necessidades dos cidadãos por intermédio da especialização, da personalização e de um maior enfoque nos destinatários.

Porque não pensar ainda, saindo um pouco da filosofia dominante “da capelinha”, na redefinição e na aposta num terceiro vetor estratégico – o vetor da colaboração, este último centrado na partilha de recursos entre organizações congéneres. Fará, por exemplo, sentido que numa mesma localidade ou concelho coexistam tantas estruturas de apoio (cozinhas, lavandarias ou outras) quanto o número de instituições que estão ao serviço de uma só comunidade? Num momento em que escasseiam os profissionais de determinadas áreas não faria sentido potenciar-se a partilha de trabalhadores? E ao nível dos próprios serviços e respostas sociais, não se conseguiriam ganhos de qualidade na intervenção por intermédio da convergência e do aproveitamento de sinergias?

A autonomia, a inovação e a colaboração serão inequivocamente fatores chave numa nova e desejável configuração deste setor estruturante que, tal como outros, terá de saber responder ao “urgente desafio de proteger a nossa casa comum (…) na busca de um desenvolvimento sustentável e integral”[5] efetiva e verdadeiramente propulsor do bem comum.

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[1] https://www.bportugal.pt/comunicado/comunicado-do-banco-de-portugal-sobre-o-boletim-economico-de-marco-de-2022

[2] https://www.solidariedade.pt/site/detalhe/13932

[3] https://www.pordata.pt/Portugal/Popula%c3%a7%c3%a3o+residente+segundo+os+Censos+total+e+por+sexo-1

[4] https://files.dre.pt/1s/2014/11/22101/0000200026.pdf

[5] https://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html

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