Pobreza e envelhecimento

Para marcar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a 17 de outubro, o Instituto Pordata divulgou uma série de dados sobre a pobreza em Portugal (Disponível em https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:US:b3dfccf9-114a-4290-9acd-a8161ba02f3d).

De modo geral, a análise do Pordata mostra que a população pobre está mais pobre, ou seja, as políticas de assistência não têm sido suficientes para que esta população consiga enfrentar os desafios da elevação nos custos de vida, sobretudo, no que se refere à habitação e à alimentação.

Com uma renda mensal familiar de até 591€, estas pessoas são, em sua maioria, crianças e jovens menores de 18 anos e pessoas envelhecidas. Como refere comunicado do Pordata, “para além das faixas etárias, a pobreza não atinge os diferentes tipos de famílias por igual. São as famílias monoparentais com crianças e as pessoas que vivem sozinhas que apresentam maiores fragilidades – quase uma em cada três famílias monoparentais (31,2%) vive com menos de 591€ por mês, já incluindo as transferências sociais recebidas”.

Estes dados vão ao encontro daqueles que encontramos através do questionário exploratório aplicado no Concelho da Covilhã. Entre as 355 pessoas idosas inquiridas em 14 freguesias do Concelho, 93,4% afirmaram ter como único meio de rendimento a reforma e 61,1% referiu ter rendimentos de até um salário mínimo nacional por mês. No entanto, durante a aplicação dos questionários, muitos dos respondentes disseram que os valores recebidos estão, em média, entre os 500 e 600€.

Cabe referir que muitas destas pessoas dedicaram suas vidas a atividades como a agricultura e, devido à ausência de contratos formais de trabalho e contribuições regulares à segurança social, recebem reformas inferiores ao salário mínimo nacional. Além disso, não se pode deixar de mencionar o fato de que o envelhecimento da população, aumenta os custos previdenciários e os desafios econômicos para governos e instituições.

No entanto, mais do que números, este é um debate sobre pessoas. E, por serem pessoas é urgente encontrar maneiras para garantir condições dignas de vida a todos/as, nas diferentes idades e configurações familiares. Enquanto os governos e a sociedade civil consentirem através de um pacto de silêncio sobre este conjunto de injustiças, a Revolução de 25 de Abril não terá cumprido um de seus objetivos fundamentais: erradicar a pobreza e mitigar as desigualdades em Portugal.

(ENG)

Poverty and ageing in Portugal

To mark the International Day for the Eradication of Poverty, on 17 October, the Pordata Institute released a series of data on poverty in Portugal (Available at https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:US:b3dfccf9-114a-4290-9acd-a8161ba02f3d).

In general, Pordata’s analysis shows that the poor population is poorer, that is, assistance policies have not been sufficient for this population to face the challenges of rising living costs, especially with regard to housing and food.

With a monthly family income of up to €591, these people are, for the most part, children and young people under 18 and elderly people. As stated in a statement from Pordata, “in addition to age groups, poverty does not affect different types of families equally. Single-parent families with children and people who live alone are the most vulnerable – almost one in three single-parent families (31.2%) live on less than €591 per month, including social transfers received”.

These data are in line with those found through the exploratory questionnaire applied in the Municipality of Covilhã. Among the 355 elderly people surveyed in 14 parishes in the Municipality, 93.4% stated that their only source of income was their pension and 61.1% reported earning up to one national minimum wage per month. However, during the questionnaires, many of the respondents said that the amounts they received were, on average, between €500 and €600.

It is worth mentioning that many of these people have dedicated their lives to activities such as agriculture and, due to the lack of formal employment contracts and regular contributions to social security, they receive pensions that are lower than the national minimum wage. Furthermore, it is important to mention that the aging population increases pension costs and poses economic challenges for governments and institutions.

However, this is more than just a debate about numbers; it is about people. And because they are people, it is urgent to find ways to guarantee decent living conditions for everyone, regardless of age and family structure. As long as governments and civil society consent to this set of injustices through a pact of silence, the Revolution of April 25 will not have achieved one of its fundamental objectives: to eradicate poverty and mitigate inequalities in Portugal.

---

---