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Integral Human Development

Jorge, desenhos do meu filho

Figura incógnita que aparece na história com o único epíteto de “o amado filho louco”, Jorge, o mais velho de Ana Plácido e do escritor Camilo Castelo Branco, deixou para a posteridade mais de 300 desenhos. Feitos a grafite, tinta-da-china, carvão e guache os desenhos foram guardados pelo próprio pai numa pasta de couro vermelha com os dizeres Dezenhos de meu filho Jorge Castello Branco. Atualmente, os desenhos encontram-se no Centro de Estudos Camilianos e foram matéria de estudo para a produção de uma exposição e de um catálogo, que compila a totalidade dos desenhos, além de textos analíticos.

Jorge era um desenhador compulsivo e possui uma história de vida muito interessante. Na terminologia da época, foi considerado um “alienado” e esteve internado no Hospital do Conde Ferreira durante alguns meses. Toda a sua história é uma verdadeira novela camiliana. Seus desenhos foram feitos com mãos livres e aceleradas, com toques de lirismo e sarcasmo. Para além destes, ainda foram reconhecidos entre as páginas dos livros da biblioteca de Camilo diversos desenhos, somando cerca de 50 volumes.

Conhecer os desenhos de Jorge é como navegar nas histórias de Camilo: surgem diversas personagens, algumas conhecidas, outras criadas pela imaginação. Jorge desenhava o que Camilo escrevia, mas também as figuras dos jornais e revistas que circulavam pela casa. Além disso, criava soldadinhos e batalhas na sua fantasia de menino. Figuras cómicas, paisagens de Seide, a família e seus amigos ajudam a compor este cenário. É esse o imaginário que adentramos na exposição, por vezes organizada em pequenos conjuntos decifráveis e, em outras, estruturada pela poesia dos traços. A exposição apresenta uma quantidade grande de obras. Jorge tinha imaginação em demasia; a casa, por sua vez, era excessiva em livros, periódicos, papéis, palavras, amores, cadernos, textos… A dor e a doença surgiam em abundância e de várias formas. Não havia espaço para minimalismos na família de Camilo e Ana.

Esta exposição, e o catálogo que a acompanha, é fruto de um apaixonante trabalho de investigação. Foram inúmeras as páginas dos periódicos, álbuns de fotografias, cartas, documentos e romances percorridos na busca pelas personagens desenhadas. Há ainda uma poética nos desenhos de Jorge que vai muito além do retratismo e que a exposição desafia a decifrar. Configurando uma estética íntima e singular, os desenhos são um convite para criar novas crónicas do quotidiano de Seide.

A pasta vermelha foi aberta.

Exposição: Jorge, desenhos do meu filho.

Centro de Estudos Camilianos

R. São Miguel 758, 4770-631 São Miguel Seide

Abertura: 25/10/2024 – 17hs

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Jorge, drawings by my son

The enigmatic figure known in history solely by the epithet “the beloved mad son,” Jorge, the eldest child of Ana Plácido and the writer Camilo Castelo Branco, left behind more than 300 drawings for posterity. Created in graphite, India ink, charcoal, and gouache, these drawings were preserved by his father in a red leather folder labelled “Drawings by my son Jorge Castello Branco.” Currently, the drawings are housed at the Camilo Studies Centre, where they have been the subject of study leading to an exhibition and a catalogue that compiles the entirety of the drawings, alongside analytical texts.

Jorge was a compulsive draftsman, and his life story is particularly intriguing. In the terminology of the time, he was considered an “alienated” individual and was institutionalised at the Conde Ferreira Hospital for several months. His life story is, in essence, a true Camillian novel. His drawings were produced with a free, rapid hand, infused with touches of lyricism and sarcasm. In addition to these, approximately 50 volumes were discovered in the pages of Camilo’s library, containing further sketches.

Exploring Jorge’s drawings is akin to navigating the stories of Camilo: numerous characters appear, some familiar, others products of his imagination. Jorge sketched what Camilo wrote, but he also drew figures from the newspapers and magazines that circulated in the household. Furthermore, he envisioned toy soldiers and battles in his childhood fantasies. Humorous figures, Seide’s landscapes, family, and friends contribute to the composition of this world. It is this imaginative landscape that the exhibition presents, sometimes organised into small, decipherable sets, at other times structured by the poetic nature of the lines. The exhibition features a large number of works. Jorge possessed an excess of imagination; the household, in turn, was abundant in books, periodicals, papers, words, affections, notebooks, and texts… Pain and illness also manifested in various forms. Minimalism had no place in the family of Camilo and Ana.

This exhibition, along with the accompanying catalogue, is the result of a passionate research project. Numerous pages of periodicals, photograph albums, letters, documents, and novels were examined in search of the characters Jorge drew. There is also a poetic quality to Jorge’s drawings that goes far beyond mere portraiture, a quality that the exhibition challenges viewers to interpret. Displaying an intimate and singular aesthetic, the drawings invite us to create new chronicles of daily life in Seide.

The red folder has been opened.

Exhibition: Jorge, desenhos do meu filho.

Centro de Estudos Camilianos

R. São Miguel 758, 4770-631 São Miguel Seide

Opening: 25/10/2024 – 17hs


OpenEdition sugere que esta publicação seja citada da seguinte forma:
stefaniefranco (4 de Outubro de 2024). Jorge, desenhos do meu filho. Desenvolvimento Humano Integral. Recuperado em 22 de Março de 2025 de https://doi.org/10.58079/12f9e


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