Fernanda Montenegro e a arte de envelhecer

Prestes a completar 95 anos de idade, a atriz brasileira Fernanda Montenegro levou mais de 15 mil pessoas ao Parque Ibirapuera, em São Paulo (Brasil), para ouvirem o texto “A Cerimônia do Adeus”, de Simone de Beauvoir.

No palco, a imagem é de uma senhora vestida em preto sentada à secretária, nada mais. Concentrada em cada palavra, Fernanda Montenegro declama o texto escrito pela filósofa feminista para seu companheiro, Jean Paul Sartre, sobre envelhecer e morrer.

A simplicidade do espetáculo revela que a atriz brasileira domina não apenas as artes cênicas e a palavra bem dita, mas também a arte de vivenciar o envelhecimento com serenidade e força. A plateia, segundo as notícias que li sobre a apresentação (a exemplo de https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2024/08/22/11175_fernanda-montenegro-no-ibirapuera-por-que-a-apresentacao-foi-um-evento-historico.html), respondeu primeiro com atenção solene, depois com admiração plena pelo que viram através de uma longa salva de palmas.

Mesmo à distância e sem ter podido presenciar a atuação, acredito que esta encenação extrapola os limites físicos do Ibirapuera e demonstra, através da arte e da reflexão crítica (e feminista) sobre o envelhecer e a morte, que há vida intensa e pulsante em todos os corpos, independentemente da sua idade.

[ENG]

Fernanda Montenegro and the art of growing old

About to turn 95, Brazilian actress Fernanda Montenegro took more than 15,000 people to Ibirapuera Park in São Paulo (Brazil) to hear Simone de Beauvoir’s ‘The Ceremony of Goodbye’.
On stage, the image is of a lady dressed in black sitting at a desk, nothing more. Concentrating on every word, Fernanda Montenegro recites the text written by the feminist philosopher for her partner, Jean Paul Sartre, about growing old and dying.
The simplicity of the show reveals that the Brazilian actress has mastered not only the theatre arts and the well-spoken word, but also the art of experiencing ageing with serenity and strength. The audience, according to the reports I read about the performance (like https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2024/08/22/11175_fernanda-montenegro-no-ibirapuera-por-que-a-apresentacao-foi-um-evento-historico.html), responded first with solemn attention, then with full admiration for what they had seen through a long round of applause.
Even from a distance and without having been able to witness the performance, I believe that this staging goes beyond the physical limits of Ibirapuera and demonstrates, through art and critical (and feminist) reflection on ageing and death, that there is intense and pulsating life in all bodies, regardless of their age.

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